O que significa ser da fé?

Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)

“De modo que os que são da fé são abençoados com o crente Abraão.” (Gálatas 3:9)

A palavra “fé” na língua portuguesa tem alguns desdobramentos que precisamos observar: ela pode significar confiança (Mateus 14:31; Hebreus 11), credo religioso (por exemplo: “Qual é a sua fé? Sou católico.”) ou ela pode significar a capacidade que temos de acreditar em Jesus — capacidade esta que só os filhos de Deus têm (João 10:26-27; Efésios 2:8; Filipenses 1:29).

Independentemente do sentido que venha a ser aplicado, o termo Fé, invariavelmente, significa CRER; e isto ganha um sentido muito especial nesta Nova Aliança:

“De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio.” (Gálatas 3:24-25)

O ato de crer (fé) neste Pacto da Graça é mais do que ser confiante e otimista e, claro, nada tem a ver com o fato de se ter uma crença religiosa. A fé nesta Nova Aliança é, acima de tudo, crer em Jesus para a Salvação da mente e, consequentemente, ser livre da Lei:

“Mas agora
(depois da cruz) fomos libertos da lei, havendo morrido para aquilo em que estávamos retidos, para servirmos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.” (Romanos 7:6)

O fato de não sermos guiados pela letra da Lei (por ordenanças, cerimônias etc.), mas pelo Espírito, é o que configura o maior atributo da fé nesta Nova Aliança que Deus estabeleceu em Cristo:

“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. (…) Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.” (Romanos 8:14; Gálatas 5:18)

Ou seja, a fé substituiu a Lei como fator de condução espiritual do povo de Deus a partir da cruz.

Depois de tudo que já vimos sobre a fé do Novo Pacto, fica claro que a expressão “ser da fé” significa, essencialmente, não ser da Lei ou não estar submetido a ela. Se observarmos todo o contexto da carta escrita por Paulo aos gálatas, veremos nitidamente que o apóstolo estava bastante insatisfeito com o fato de os abençoados da Galácia estarem regredindo para as obras da Lei imputadas por legalistas judaizantes. E de fato, voltar a praticar obras do Antigo Pacto é, sim, uma grande regressão na vida espiritual do povo de Deus.

Os gálatas foram fundamentados na Graça de Cristo:

“Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na Graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo.” (Gálatas 1:6-7)

Mas, após receberem o fundamento apostólico em Graça, se permitiram ser fascinados — “enfeitiçados” no texto em grego (Gálatas 3:1) — por alguns homens desviados da Verdade. Ou seja, os gálatas estavam deixando de ser da fé. Assim como os gálatas, a grande maioria dos que se dizem cristãos hoje em dia, não obstante terem confiança em Deus, não podem ser considerados DA FÉ (como disse no início do texto, a fé desta Nova Aliança é muito mais do que ter confiança). Depois da cruz, só podem ser considerados como sendo da fé aqueles que não estão submetidos à Lei de Moisés. Assim, para sermos de fato da fé é vital que abramos mão de todo fermento do Velho Testamento (por menor que ele seja):

“Um pouco de fermento leveda a massa toda.” (Gálatas 5:9)

Os que são da Fé, segundo Paulo, são abençoados com o crente Abraão (Gálatas 3:9). Por isso, eu agradeço ao Senhor por não estar mais submetido ao espírito da Antiga Aliança e poder ser considerado, junto com todos os meus amados irmãos em Graça, como uma pessoa legitimamente abençoada pela Graça de Deus.

 

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