Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)
“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da lei de Deus, mas, com a carne, da lei do pecado.” (Romanos 7:25 — Nova Versão Internacional)
Durante muitos anos eu achei que servir ao Senhor Jesus era cumprir as diretrizes religiosas das denominações que pertenci. Enquanto fui pentecostal servir a Deus para mim era fazer “consagração” toda semana (isto é, participar de reuniões de oração em vãs repetições e em jejum), usar apenas calças compridas (era proibido o uso de shorts e bermudas), “buscar” o Espírito Santo, não jogar futebol com os amigos da escola, entre outras bobagens e proibições inúteis. Isto não era servir a Deus; era apenas um zelo sem entendimento (Romanos 10:2).
Com quinze anos de idade fui para uma denominação Batista (que pertencia à Convenção mais tradicional no Brasil) e, a partir de então, servir a Deus para mim era cumprir minhas obrigações assumidas (ensaiar no coral da igreja, dar aulas na Escola Bíblica Dominical aos adolescentes, tocar na banda, chegar na hora certa, entre outras atividades). Mais uma vez era um zelo sem qualquer entendimento do que é, de fato, o Evangelho.
Servir a Deus é trabalhar! Mas este trabalho tem total relação com a busca do estabelecimento do Evangelho e da cultura de Seu Reino na Terra; nada tem a ver com funções e práticas religiosas:
“Mas pela Graça de Deus sou o que sou; e a sua Graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a Graça de Deus que está comigo.” (1ª Coríntios 15:10)
Deste modo, fica evidenciado que servir a Deus está relacionado aos serviços prestados ― com entendimento ― ao Reino de Cristo. E, é bom que se diga, nós servimos a Deus de verdade quando estamos fora dos ambientes eclesiásticos (isto é, fora das quatro paredes de uma denominação religiosa).
No versículo inicial citado neste texto o apóstolo Paulo diz onde deve estar fundamentado o nosso serviço: na mente. No texto em grego a palavra “mente” significa faculdade intelectual, a razão, a compreensão. Por isso, inclusive, que em algumas versões em português aparece “com o entendimento sirvo…”. Isto se dá, porque servir não por intermédio da mente leva as pessoas a serem religiosas, ou seja, a terem zelo sem entendimento, a estarem apenas preocupadas com as práticas ordenadas pelas denominações sem se importarem em saber se elas estão em linha com a verdade do Evangelho.
Ainda debruçados no versículo inicial, podemos observar que Paulo coloca em oposição a mente e a carne. Ou seja: como ele conhecia a verdade do Evangelho (tinha o entendimento), em sua mente ele queria somente realizar as coisas boas, concernentes ao Reino. Na carne, no entanto, ele queria cumprir a “lei do pecado” (isto é, a inclinação habitual que a natureza humana tem para praticar o mal). Concluímos que, por mais que a carne se levante com suas obras, o conhecimento do Evangelho genuíno sempre nos fará lutar contra ela e desejar realizar as obras do Reino.
Quando servimos com o entendimento ativado pelo Evangelho da Graça, estamos sendo guiados pelo Espírito (Romanos 8:14; Gálatas 5:18). Não por acaso, Paulo afirmou servir a Deus através de seu espírito:
“Pois Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho…” (Romanos 1:9)
Servir a Deus, portanto, não tem nada a ver com o cumprimento de ordenanças de denominações religiosas, mas é ter o entendimento do genuíno Evangelho ativado em nossa mente, a fim de oferecermos o melhor serviço à sociedade (Tito 3:8), em linha com a verdade de Cristo: amar, ser honesto, fazer o bem, ajudar o próximo, enfim, trazer o Reino de Deus à tona através de nosso viver.