A Porta estreita da Graça

Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” (Mateus 7:13-14)

Os versículos acima retratam com maestria e precisão o que ocorre no mundo atualmente em relação à Mensagem da Graça de Deus. De fato, não precisamos nos esforçar muito para observar o quão larga é a porta e o quão espaçoso é o caminho do sistema religioso. Afinal, a quantidade escandalosa de pessoas que estão enveredadas pelas mentiras religiosas não deixa qualquer dúvida sobre isto.

Estima-se que hoje em dia há cerca de 2,18 bilhões (sim, bilhões!) de pessoas no mundo que se declaram cristãs. Isto é quase um terço da população mundial! E se colocarmos nesta equação as pessoas adeptas de outros segmentos religiosos, esta realidade ganha contornos ainda mais dramáticos.

Levando-se em conta apenas as pessoas que se dizem “cristãs”, pergunto: quantas destas estão realmente submetidas à Doutrina da Graça de Deus? Pois é… Confesso que quando pensei nisto pela primeira vez eu me senti bastante constrangido e meu coração se entristeceu muito ao constatar o óbvio: pouquíssimos são os que têm este inefável privilégio. Curiosamente eu não me percebi feliz por ser um desses agraciados; na verdade, senti-me triste por saber que a esmagadora maioria das pessoas não pode usufruir de tamanho descanso que só as águas tranquilas da Graça podem oferecer.

Como já disse no início, a passagem citada na abertura do texto, apesar de ser outro contexto, fala muito do que ocorre em nossos dias. Não há dúvidas de que o caminho que conduz à Verdade da Graça é bastante estreito e um dos principais motivos desta triste realidade são exatamente os muitos anos de mentiras que o cristianismo impôs no entendimento do povo. Certa vez, Joseph Goebbels, ministro da detestável propaganda nazista, disse algo que eu considero incontestável:

“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.”

Acredito que não exista frase mais apropriada para nos referirmos a tudo que o sistema religioso vem pregando ao longo desses séculos. As mentiras do cristianismo vêm sendo ditas há tantos anos, tantas vezes, que se tornaram “verdades” no mundo. Por isso que, quando falamos do genuíno Evangelho da Graça para as pessoas que se rotulam como cristãs, na maioria dos casos, elas o rejeitam, acham que se trata de uma falsa doutrina etc. Isto ocorre devido ao espírito subversivo da Mensagem que Jesus Ressuscitado deu a Paulo no Terceiro Céu em relação a quase tudo que é pregado no meio “cristão”, seja este Católico ou protestante/evangélico de maneira geral.

Apesar de tudo que disse até aqui no texto, acredito que podemos nos carregar de otimismo em relação à disseminação da Palavra da Graça no mundo. Minha visão otimista sobre a evangelização das pessoas com a Mensagem genuína de Cristo vem de algo que eu pensei logo após sentir-me triste ao deparar-me com a doída verdade de que a grandiosa maioria das pessoas não está debaixo da Mensagem da Graça: “Sim, o Caminho e a Porta da Palavra da Graça são estreitos, mas nem tanto assim.”

O que eu quero dizer é que, para mim, há muitos no mundo que querem a verdade do Evangelho, mas ainda não sabem disso, pois nunca ouviram falar da Mensagem da Incircuncisão defendida pelo apóstolo dos gentios. Neste caso, acredito que, mesmo com tanta rejeição ao Evangelho genuíno, não podemos desanimar, uma vez que certamente há incontáveis pessoas que, cansadas do jugo pesado do sistema religioso, estão à espera de alguém que lhes fale da Palavra que libertará definitivamente seus corações.

Em suma: nunca perca uma oportunidade de falar da Palavra da Graça. Afinal, “como ouvirão, se não há quem pregue?” (Romanos 10:14).

Admoestar é um ato de amor

Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)


“Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para admoestar-vos uns aos outros.” (Romanos 15:14)

Admoestar é avisar alguém da incorreção de seu modo de agir e pensar; é censurar para abrir os olhos do próximo para os erros que porventura possa estar cometendo. Enfim, é repreender a fim de corrigir as veredas daqueles com quem nos importamos. Portanto, admoestar é uma demonstração de amor. Não é por acaso que uma das principais funções dos pais é admoestar os filhos para que possam trilhar os melhores caminhos possíveis na vida e seguirem assim até a idade adulta:


“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Provérbios 22:6)

Biblicamente, admoestar é advertir de maneira branda; é aconselhar com espírito de mansidão:

“Irmãos, se um homem chegar a ser surpreendido em algum delito, vós que sois espirituais corrigi o tal com espírito de mansidão; e olha por ti mesmo, para que também tu não sejas tentado.” (Gálatas 6:1)

A congregação dos romanos, como podemos ver no versículo citado no início do texto, cumpria os requisitos necessários para realizar este que é um dos mais importantes chamados para os eleitos de Deus e um dos principais motivos da existência da Igreja: o cuidado que os irmãos devem ter uns para com os outros. O primeiro aspecto que Paulo ressalta é que os romanos estavam cheios de bondade. Não existe a menor possibilidade de um irmão ter o anseio de cuidar do próximo se ele não estiver cheio de benevolência em seu coração. A bondade é fruto da presença do Espírito Santo em nossas vidas e é fundamental que esteja “ativada” em nossas almas a fim de que possamos ter a empatia necessária para oferecermos o cuidado àqueles que precisam:

“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade (…) Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade.” (Gálatas 5:22; Efésios 5:9)

O segundo aspecto, não menos importante, que Paulo afirma sobre as qualidades da congregação de Roma é que eles estavam cheios de todo o conhecimento. Este, evidentemente, é um fator importantíssimo para que possamos admoestar nossos irmãos, pois a repreensão que a Palavra nos incentiva a fazer deve estar totalmente apoiada no conhecimento do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Não podemos admoestar o próximo apoiados em achismos ou em opiniões pessoais sem fundamento bíblico. Afinal, existem coisas que alguém pode achar que são “erradas” sem que haja qualquer comprovação bíblica de que sejam realmente censuráveis. Assim, é fundamental que conheçamos as diretrizes da Palavra para as nossas vidas de modo que não venhamos a censurar um irmão por algo que seja apenas um preconceito pessoal de nossa parte.

Algo importante que devemos ter em mente é que não podemos deixar de admoestar nossos irmãos por acharmos que esta seja uma atitude inadequada. Muitas vezes vemos o próximo em um caminho antibíblico e pensamos: “Não vou me meter na vida dos outros” ou “Não devo falar nada para o irmão não se aborrecer comigo”. Como disse no início, admoestar é uma atitude de amor, pois demonstra que você quer ver o seu irmão em bons caminhos e colhendo boas coisas. A inadequação não está no ato de repreender, mas pode estar na forma como fazemos o alerta ao irmão. Por isso é importante sempre sermos brandos e aconselharmos o próximo com mansidão.

Para finalizar, quero dizer que se você for alvo da admoestação de algum abençoado, saiba que seu irmão está te amando e está querendo o seu melhor. Certamente, se alguém está te repreendendo com amor e dentro da Palavra, é o próprio Deus que o está usando para abrir seus olhos e isto significa que o Eterno também te ama — e muito! (Hebreus 12:5-6).

É possível ser um salvo mesmo sem crer?

Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)

“Porque pela Graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2:8-9)

O texto bíblico acima é muito claro: a nossa Salvação é pela Graça, sem qualquer participação de nossos méritos (obras), e ela ocorre por meio da fé. Neste caso, como compatibilizar esta afirmação com a reconciliação ocorrida na cruz, onde fomos salvos muito antes mesmo de nascer e, claro, de crer? Para respondermos a esta pergunta vamos compreender este mistério:

“Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados; e pôs em nós a Palavra da Reconciliação.” (2ª Coríntios 5:19)

“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos* os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a Graça sobre todos* os homens para justificação de vida.” (Romanos 5:18)

Na Sua morte o Senhor Jesus reconciliou todos os Seus incontáveis eleitos, harmonizou-Se novamente com Sua Criação e trouxe a Graça sobre todos os Seus. Sendo assim, da mesma forma que ninguém precisou de qualquer coisa para receber automaticamente os resultados do que Adão fez (maldição, pecado, condenação etc.), nós — os muitos eleitos — não precisamos de coisa alguma, nem fazer o que quer que seja, para que as consequências da Obra de Cristo nos cobrissem.

O fato de todos os escolhidos desde antes da fundação do mundo terem sido reconciliados por Cristo nos garante que todos os filhos de Deus neste Novo Pacto, independentemente da religião que participam, se creem ou não, enfim, independentemente de quaisquer circunstâncias, já nasceram salvos sempre salvos. É claro que para um religioso, que acredita que precisa “lutar para ser salvo”, “aceitar a Jesus” e tantas outras heresias, isto soa quase como uma afronta. Mas, não importa o sentimento religioso; o fato é que estas verdades não podem ser mudadas. Contudo, a Bíblia fala que a Salvação é por meio da fé. Sendo assim, parece que estamos em um beco sem saída. Afinal, se é por intermédio da fé, como alguém que ainda não crê no Evangelho pode ser um salvo?

O primeiro ponto que necessitamos entender é que todo filho possui o dom da fé; ou seja: todo eleito de Deus, mesmo que ainda não creia, tem a capacidade de crer em seu interior.

“Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” (Romanos 12:3)

Alguns podem interpretar que este “cada um” se refere a quem já creu. Mas, não tem lógica pensar que o dom da fé vem depois do crer. É como dizer que alguém tem a capacidade de enxergar sem ter recebido antes os olhos…

Se levarmos em conta todo o contexto bíblico, veremos que neste texto Paulo se refere, sim, a todos os eleitos — mesmo os que ainda não creem — pois, para uma pessoa crer, ela precisa, necessariamente, ter antes a capacidade para isto. Em outras palavras, só consegue crer quem recebeu, de antemão, a medida da fé (Atos 13:48). Veja este exemplo:

“Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz…” (João 10:26 e 27)

Jesus disse aqui, em outras palavras, o seguinte: “Só tem condições de crer e me ouvir quem é ovelha. Os que não são ovelhas não podem crer”. Ou seja: para crer é preciso que haja antes a capacidade inata que vem de Deus (e que só os filhos têm), a saber, o dom da fé.

Em segundo lugar, é importante entendermos que a Salvação se manifesta de formas diferentes nos elementos do homem (espírito, corpo e alma). No espírito, todo eleito já está salvo eternamente, pois todos nós já estamos convergidos em Cristo (Efésios 1:10); no corpo, todos seremos transformados quando deixarmos esta vida terrena e teremos o corpo glorificado prometido; assim, a manifestação da Salvação que necessita da fé ativada pela Palavra (Romanos 10:17) é a que acomete a nossa mente (alma), no aspecto do conhecimento, nesta atual dispensação terrena.

Em suma: quando uma pessoa ouve o Evangelho genuíno, crê e confessa Jesus Ressuscitado ela passa a ter a sua mente salva (o entendimento) e se torna apta para servir em espírito e em verdade e angariar o seu Galardão. Porém, antes mesmo de crer ela já era salva eternamente pela morte de Cristo. Isto se chama Graça.

(* “Todos” em Romanos 5:18 se refere às etnias — ou seja, judeus e gentios).